terça-feira, 30 de novembro de 2010

O mar

O mar é triste como um cemitério;
Cada rocha é uma eterna sepultura
Banhada pela imácula brancura
De ondas chorando num alvor etéreo.

Ah! dessas vagas no bramir funéreo
Jamais vibrou a sinfonia pura
Do Amor; lá, só descanta, dentre a escura
Treva do oceano, a voz do meu saltério!

Quando a cândida espuma dessas vagas, 
Banhando a fria solidão das fragas, 
Onde a quebrar-se tão fugaz se esfuma,

Reflete a luz do sol que já não arde, 
Treme na treva a púrpura da tarde, 
Chora a Saudade envolta nesta espuma!




Augusto dos Anjos

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